quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PREFIRA O GOSTO AO HÁBITO - Parte II

Eu fui começar a ler aos 12 anos, bem antes disso eu já via meu que meu irmão e minha irmã liam. Também, coisa que não faltava lá em casa era livro.

Caçula por lei é prejuízo, eu não sabia disso mas cumpria bem o ofício. Fiz dos livros (coincidentemente os mais queridos) rampa de carrinho, caverna, ponte e prédio para meu saudoso trator Tião Martelão, construía pódio, bazuca...Tudo com os livros do "velhote". Meu pai ao chegar em casa, quando via sua coleção de BARSA, Epistologia, Ciência do Movimento, Jorge Amado, enfim, boa parte do acervo no chão pisoteado e alguns com folha rasgada. Ele surtava legal. Vermelho de raiva ele bravava "Vocês são uns destruidores".

A exemplo do papai, mamãe também era professora. Daí já viu: BRASIL + PROFESSOR + DINHEIRO é matemática que nunca batia nem dava química. Mas a dupla se desdobrava para que tivéssemos o máximo de informação disponível.
Meu pai se derretia de raiva vendo seus filhos destruirem seus outros filhos (livros comprados a tanto suor), a casa era uma biblioteca, mas eu (que tenho uma puta memória) não lembro lá pelos 7/8 anos de ver meu pai cobrando "Álisson vai ler e bla, blá, blá...". Ele não me empurrou aos livros, nem o Demétrius (meio) nem a Denise (mais velha). Só que o ambiente estava montado e para me proporcionar a curiosidade era só questão de tempo. Eu falei que tinha 12 mas era 11.

Por isso eu diria para o palestrante que sim, vamos propor e divulgar o hábito da leitura aos adultos (que era totalmente o público dele) mas se formos pensar em base (Pensar macro), o argumento tem que ser outro. Primeiro montamos o ambiente pra gerar curiosidade. Se um moleque vai ler de forma espontânea não tem mais jeito, ele gosta.

Muitos dos anafalbetos funcionais têm o hábito de ler, se tivessem o gosto, o final da história seria mais feliz. Aliás, nem fim teria.

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