quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Dr. House - o meu porquê

Se nos vermos a partir de duas vezes e passarmos do estágio de oi, bom dia, como vai, tudo bem e cia, antes mesmo de partirmos para algum grau de intimidade é provável que eu comente com você algo relativo ao rapaz da foto, Dr. House. Por que gosto tanto da série? A resposta imediata será: por contradição.

Antes eu dizia que novela, série e adjacências não eram feitas pra mim. Filme, teatro e web você assiste e logo está tudo resolvido. Material feito por capítulo, não. É necessário uma fidelidade de sentar todo o santo dia no mesmo bate horário, pra mim era pedir muito.Era!

Um dia estou na sala e meu irmão coloca em um canal, vejo no televisor um rapaz aleijado, rabugento, que manda em todo mundo e outras coisas mais. Dali em diante, toda pompa de declarar-me alheio a séries caiu por terra, pior, fiz foi viciar.Tudo porque Dr. House tem uma química louca. Televisivos cujo cenário é hospital estamos fartos de ver (ou não mais), mas a força dessa série está toda centrada no personagem mó, Dr. Gregory House, ele é sociopata, infeliz e irônico. Aproveitando a oportunidade, olhe dentro de você e me diga bem honestamente, quem não é sociopata?

O problema é por aí mesmo, não temos direito a escolha, é só sermos seres vivos que antes mesmo de recebermos um nome já assumimos uma presença e participação social. Isso é bom, mas enche o saco. É chato não poder mandar tal pessoa tomar no lugar escolhido, quando esta faz por merecer (muitas vezes até do pior jeito), é chato ser bom, é chato pensar besteira, é chato ser mau, é bom viver e como é chato assumir tantas partes chatas. Têm quem não goste de irônias, pra mim, são sempre fenômenos de inteligência (nem que seja só dialética).

Sou fã das mentes que bolam o conteúdo, suspeito que eu fosse capaz de pagar para pertencer a troupe.

Afirmo que Doutor House é um material repleto de diálogos inteligentes, psicologia barata e tiradas interessantes. Pra nossa sorte, o personagem que dá nome a série é pura mentirinha, na prática ser nenhum estaria em bom lençois com tal figura por perto. Outra coisa boa de dizer é que Doutor House é bom de ver porque é um retrato de um pedacinho de todos nós. Somos todos frágeis (obrigatoriamente resistentes) e não gostamos de identificar nossas fraquezas nem pra nós, nem para sociedade. Ei, não posso terminar sem contar o principal:

- Todo mundo mente.

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