terça-feira, 9 de dezembro de 2008

HUMILDADE


Para o post de hoje me comprometi a falar sobre minha atual percepção da virtude humildade, mas algo muito bom me fez mudar os planos. Enquanto eu caminhava pela rua no final da tarde, tive a sorte de encontrar meu pai pelo caminho. Na ocasião ele falou da importância de se respeitar a verdade alheia e disse: "Álisson, procure o poema VERDADE de Carlos Drummond de Andrade. Aquele cara estava iluminado ao escrever aquilo".

Caro internauta, respeitei meu pai e fui ler o poema, de tão inteligente , faço questão de compartilhar com vocês.

VERDADE

Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.



* Embora não pude fazer minha declaração a respeito da humildade, deixei a palavra para quem sabe de verdade.

Fonte: http://www.veraregina.com.br/cantinho/portugue/poe-bras/27.htm

Um comentário:

Anônimo disse...

Isso me fez lembrar o livro A LUNETA MÁGICA de Joaquim Manuel de Macedo.